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Relato de parto.

Esse mês além das águas de março é o mês que marca 1 ano da chegada do meu filho e do meu nascimento como mãe. Meu parto foi muito especial. E como li muitos relatos enquanto estava grávida resolvi escrever e publicar o meu relato sobre o meu parto pra quem está querendo ver/ler mais uma dessas histórias e se lançar nesse mundo, fica aqui o meu registro. Lembrando que fui considerada em algum momento do pré natal uma grávida de risco, por ter um discreto prolapso na valva mitral (coração), tudo foi acompanhado e não houve nenhum problema, foi um parto domiciliar planejado.
Desde o momento que soube que estava grávida logo pensei na possibilidade de parir em casa, pois tive uma vizinha parteira e meu avô paterno era parteiro no interior. Entrei em contato com a minha ex-vizinha, mas houveram muitos desencontros pra conseguirmos uma consulta e acabei não tendo muita confiança, adormeci a ideia e comecei um pré natal padrão, mas ao indagar a médica sobre certas opções, que eu não podia optar, como: episio* por ser primeiro filho, litotomia*, soro com ocitocina* etc e tal vi tudo ficar muito estranho na relação e alí resolvi que teria de ser em casa.
Como num grande golpe de sorte recebi uma visita de amigos que tinham uma amiga que teve um parto em casa, peguei o telefone e liguei, consegui o contato da parteira já estavamos em dezembro e minha data provável de parto era fim de fevereiro ou início de março, faltava pouco, mas foi tempo mais que suficiente pra conseguir o que eu queria e que achava mais adequado pra receber alguém que mudaria a minha vida.
O grande dia foi assim...

O carnaval já tinha passado, tinha feito 40 semanas de gestação em uma quarta-feira uma semana depois das cinzas, quando no dia 28 de fevereiro de 2012 às 8h da manhã dormia, comecei a sentir um líquido sair, despertei pensando: A bolsa! Imediatamente pus a mão para confirmar se era realmente a bolsa que tinha rompido, e sim era (ou pelo menos eu achava até porque já não faço xixi na cama rs), como estava num mezanino fui cuidadosamente me arrastando com o barrigão até a escada pra não fazer uma molhação na cama, e ao terminar de descer a escada o liquido escorria entre as minhas pernas, límpido e tudo ok, como manda o bom andamento, mas inocentemente mal sabia que aquela quantidade não era nada! Mas como na minha inocência não sabia, logo liguei pro eminente papai que estava no trabalho, em seguida liguei para a parteira que começou a me monitorar por telefone, mas por enquanto tudo bem, nada de contrações, avisei as vovós e comecei a arrumar o ninho, aliás nesse dia a faxineira já tava em casa dando um trato.
O futuro papai (Nico) saiu cedo do trabalho, comprou umas últimas coisinhas e tudo estava correndo bem. .
Ganhei uma generosa massagem da minha mãe pela tarde, e no fim da tarde recebi a visita da equipe que estaria comigo no parto, exames feitos e tcharam, descobri que a bolsa tava ali direitinho! Recebi uma aula com bebezinho de pano e pelve de pano (muito interessante esse apetrecho) e elas se foram, mas já estávamos todos ligados à espera do nosso filhote.
A noite chegou e com ela as primeiras e discretas contrações, falamos no skype com amigos e depois decidimos ficar juntos, percebemos que os caminhos do nosso filho estavam começando a se abrir, foi quando recebemos um telefonema da parteira nos orientando a desligar todas as luzes, todos os elétricos e eletrônicos e nos conectarmos, e aí tive uma baita crise de, e agora? Não tem mais volta, eu vou ser mãe!!!! Mil dúvidas surgiram e uma insegurança também, será que eu seria um porto seguro pro meu bebê ? Será que eu dou conta de cuidar de uma vida tão pequenina e dependente de mim, chorei, chorei e chorei e meu amor ali comigo sendo meu esteio indispensável e me dando forças até o sono chegar, a diferença é que ele dormiu direto e eu comecei a dormir entre uma contração e outra.
Lá pras 3 ou 4 da madrugada senti muitas contrações e fome, liguei pra Mari (parteira), nos falamos um pouco, comi uma fruta e dormi novamente, dessa vez com menos interrupções. Por volta das 7h da manhã elas chegaram e eu já tinha 4 de dilatação, me animei e achei que meu bebê estava mais perto de mim. Meu marido preparou meu café da manhã, com pão caseiro (feito por mim) e geléias do meu sogro, tudo muito bem, dançamos juntinhos, me alonguei e depois fiquei na bola de pilates com o papai ali o tempo todo comigo, ouvimos um cd inteiro do Chico, depois musicas sortidas que íamos escolhendo.
Daí pra frente a amnésia pós parto já faz efeito e não me lembro com muita certeza da ordem dos fatos, mas me lembro de comer tomates, quis comê-los e ponto, comi. Depois mais dilatação e fui ficando contente achando que logo logo meu bebê estaria nos meus braços, pulei pra 7cm.
Andei pelo corredor do prédio, recebi a piscina que havia comprado pela internet, enchemos (o papai que encheu né?). Fui pro rebozo, tomei banhos, agachei, comi pão de mel e a tarde estava acabando e eu e minha racionalidade estávamos nos deparando com a necessidade de se entregar se não nada aconteceria, mas isso já era racionalizar e então nada ia.
Há uma determinada altura o sono me dominava, ter visto o sol se por me desanimou bastante, pois já tava na expectativa desde as 8 da manhã do dia 28, o dia 29 tinha se passado quase todo e eu só conseguia me forçar pra não dormir, fomos fazer um exame e cachoeira! A bolsa se rompeu e aí eu vi que aguaceiro é.
Quiquei na bola meio que no automático, a luz era linda no ambiente, mas não registrei mais nada além disso, na piscina morninha dormi, acordei com contração e tive que sair porque estava atrasando meu trabalho de parto. As contrações se espaçaram e um medo de não dar conta surgiu na dúvida do será que está tudo bem com o bebê?
As parteiras me deram teto de tempo pra certas coisas acontecerem e meu marido me chamou pra conversar, perguntou se realmente eu achava que tinha condições ou se queria ir pro hospital, nessa hora quase quis ir, mas quando pensava no que eu podia sofrer e o pior no que iam fazer com meu filho aih a vontade sumia só de pensar que iam jogar nitrato de prata nos olhos dele, lavá-lo como um frango...
Então resolvi comer, estava sem forças, não me lembro a ordem dos fatos, como já disse antes, mas tomei uma borrifada de ocitocina no nariz. Comi um bife de filé mignon, o primeiro pedaço quase não consegui engolir, mas depois foi fácil. Depois disso fui pra cama já tinha a dilatação necessária e já viam a cabeça do bebê e eu só tinha que fazer força, eu achava que tava fazendo toda força do mundo, mas não era o suficiente.
Não sentia mais as contrações que eram muito próximas e pedia pra me avisarem, não eu não raciocinava mais eu só queria fazer força pro meu filho nascer e já não queria mais sair dalí, mas a posição não ajudava, então o Nico sentou na cama e eu sentei no colo dele ele puxava as minhas pernas e eu só queria que o Noah chegasse, a Marilanda (parteira) disse: “ele é russinho igual ao pai” isso deu mais vontade de ver o russinho e depois disso não demorou muito pra ele nascer, passou a cabeça num grito e ainda perguntei à Claúdia (parteira) se precisava fazer mais uma força pra sair o resto, ela disse alguma coisa com seu jeito suave e ele escorregou cinzinha, dos pés e mãos roxas, mas bem limpinho em vista do que se vê por aí, diante de nós um ser super frágil e com olhos arregalados nos fitava enquanto cospia uma gosminha amarela. Logo em seguida ele foi colocado sobre nós. Foi ao seio sugar. Quando a pulsação parou a Marilanda perguntou ao Nico se ele queria cortar, ele preferiu continuar filmando e ela cortou o cordão, as contrações continuaram e a placenta também nasceu! Tive uma pequena laceração e tomei dois pontinhos. Tomei banho e em seguida no sofá ficamos juntos de novo, ele, a coisa mais linda que eu já na vida. Valeu a pena TUDO! Ele perfeito, saudável e nos meus braços, nasceu 1:01 do dia primeiro de março, na lapa, na casa da minha mãe no dia do aniversário da cidade maravilhosa!

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